sábado, 25 de julho de 2009

Quem é o melhor profissional para ensinar Pilates?


Dou aulas de Pilates desde 1998. Iniciei como aluna (o que ainda sou), passei a ser assistente para, finalmente, ter minha primeira turma como professora.
Tudo isso em Salvador, BA.

Era uma estrutura grande: três estúdios sendo que o maior , aonde eu trabalhava, contava com três salas completas (reformer, trapézio, cadeira e acessórios).
Após cerca de dois anos já éramos uma equipe de cerca de 20 profissionais, sendo a grande maioria professoras de Dança formadas pela UFBA. Contávamos ainda com algumas fisioterapeutas e educadoras físicas, meu caso.

As fisioterapeutas faziam as avaliações posturais e, após estagiarem como assistentes, atuavam também como instrutoras. Todos os alunos que iniciavam um programa de Pilates tinham que passar por avaliação postural (o que após alguns anos passou a ser uma das premissas da PMA – Pilates Method Alliance).

As professoras de Dança eram excelentes educadoras e, além disso, tinham uma qualidade de movimento que eram um colírio de inspiração para os olhos dos alunos e assistentes como eu.
As fisioterapeutas nos davam um generoso suporte em relação aos casos de alunos com hérnias discais e tantas outras alterações e corriam atrás de sua experiência pessoal de movimento fazendo aulas.
Tínhamos um sistema de rodízio aonde umas assistiam às aulas das outras para trazer pontos positivos e negativos a serem discutidos nas reuniões que fazíamos periodicamente.
Também entravam na pauta estudos de caso e tantos outros assuntos.

Junto com algumas dessas colegas fiz minha pós em Biomecânica e, com outras, vários cursos de atualização e aprofundamento. Essa união de conhecimentos, a troca de experiências e a paixão pela técnica caracterizavam nossa equipe.

Hoje, 11 anos depois, eu coordeno uma equipe de nove professores entre educadores físicos, fisioterapeutas e professores de Dança. Pouco a pouco, mais gente vem chegando.
Todos trazem sua bagagem que é sempre bem vinda, afinal, é essa mescla que imprime qualidade ao nosso trabalho. Chamamos isso de multidisciplinaridade, que fica ainda mais MULTI quando regada com uma boa dose de humildade.

Compartilhar essa história pessoal na rede tem por objetivo fazer com que as pessoas possam refletir um pouco sobre essas desavenças que aparecem por aí entre fisioterapeutas, educadores físicos e bailarinos profissionais.

Mas, afinal, quem é o melhor professor de Pilates? A origem do melhor profissional para ensinar a técnica não vem do título de sua graduação, mas de sua competência em exercê-la.
O único poder que um curso de graduação dá a alguém é o poder de estudar, se aprofundar, pesquisar, se aperfeiçoar mais e mais.

Quanto maior a diversidade de olhares sobre um problema, haverá mais caminhos sugeridos para sua solução e maior será chance de sucesso.

Lembrem-se: conhecimento só é bom quando compartilhado.

Abraço, Silvia.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Pilates é alongamento?


Oi pessoal!

Muitas vezes pessoas curiosas a respeito do Pilates me perguntam se a técnica se refere a exercícios de alongamento. Essa dúvida me deixa contente, afinal, as pessoas vêem o alongamento como algo positivo.
Elas associam sua situação de rigidez - “Eu sou muito duro!”- diretamente a falta desta capacidade muscular.

Abdallah Achour Jr. Em seu livro Alongamento e Flexibilidade nos fala o seguinte: Não se importe com a conquista de flexibilidade, mas sim com a melhoria na capacidade de movimento.

E, quando falamos em praticar Pilates, estamos falando, justamente, em capacidade e organização de movimento.

De maneira geral não utilizamos o alongamento estático – ou seja, manter o aluno numa posição em que se tenha o afastamento das origens de um determinado músculo ou grupo muscular por um tempo determinado até que haja uma resposta plástica da musculatura.
Até é possível no nosso ambiente, assim como no da Musculação, Ginásticas, Natação, etc., propor, em determinados casos, se o professor achar conveniente, um momento deste tipo.

Mas não é o objetivo do Pilates e nem a estratégia usual das aulas.

Nosso trabalho consiste em oferecer situações de alongamento dinâmico, feitos com leveza, dentro da amplitude fisiológica, considerados funcionais nos movimentos diários. Nesse caso a intenção não é atingir os componentes plásticos do músculo para aumentar a flexibilidade, mas sim os componentes elásticos, garantindo a funcionalidade na amplitude dos movimentos.

Quando uma articulação tem seu arco de movimento limitado, começam a haver compensações. Por exemplo, se houver restrição na flexão do ombro, um indivíduo poderá ter em atividades como se pentear ou tomar banho, aumentada a concavidade na coluna lombar.

Importante ressaltar que o maior número de lesões ocorre nos extremos das amplitudes de movimento. Desta forma, quanto menor a amplitude, mais próximos estaremos, a cada gesto, dessa zona de lesão e, ao contrário, quanto maior a amplitude articular dentro da zona fisiológica, mais afastados dessa possibilidade.

Outro fator a se considerar é que existe necessidade de carga na cápsula articular para que as propriedades bioquímicas e mecânicas do colágeno se mantenham saudáveis. Caso contrário haverá uma rápida deterioração da articulação que ficará mais suscetível a lesões.

Novamente o ambiente de Pilates entra como forte aliado na melhoria e manutenção da capacidade dos movimentos. Existe uma série de exercícios que associam a amplitude articular fisiológica com descarga de peso.

É isso aí! Pratiquem e me contem!


Bibliografia: Flexibilidade e Alongamento, Abdallah Achour Jr., Ed. Manole.

terça-feira, 7 de julho de 2009

VÍDEO: Respiração da Terra.

Esse vídeo dispensa palavras.
Agradeço muito minha querida cunhada Márcia por ter me enviado.
Aproveitem... e respirem junto..
Beijos.

domingo, 5 de julho de 2009

Praticar Pilates: fazer o download de novos programas de movimento.



Oi pessoal!
Os professores da minha equipe trabalham comigo e em outros estúdios também.
Eu estimulo muito essa troca de experiências que fazemos trabalhando com pessoas diferentes, fazendo aula de assuntos variados em locais diversos.
Tudo acrescenta na nossa prática. E o conhecimento sempre deve ser compartilhado para se manter vivo.

Outro dia uma professora comentava que, no novo estúdio em que está dando aulas, por um lado encontrava-se em um ambiente muito agradável e, por outro, vários alunos estavam bastante desorganizados.
Eu disse" "Que sorte!! Você sabe extamente o que fazer com eles!"

Sua questão, no entanto, era de como convencê-los que é necessário um tempo de exercícios feitos de maneira lenta e extremamente concentrada para que o processo de reorganização possa ser iniciado antes que entremos na fase de repertório, do Pilates como malhação propriamente dita!

Como no Pilates somos especialistas (ou pelo menos nos esforçamos bastante) em imagens, sugeri a seguinte metáfora (que na realidade é quase fato!).

Os gestos motores que utilizamos no nosso cotidiano, através do nosso "ser corpo que se move", vão sendo construídos ao longo de nossa vida. São frutos de nossa herança genética, associada à nossa cultura, nossa história de movimentos (esportes, danças, etc) e nossa história emocional (medos, sucessos, estímulos, crenças, inseguranças..).

Nosso cérebro tem, assim, esse complexo programa responsável pela execução de nossos gestos, exatamente como um programa de computador.

Quando optamos por realizar uma atividade como Pilates, devemos considerar que estamos entrando num ambiente de reorganização de movimentos. Ou seja: queremos instalar um novo programa de movimento, modificar o atual.

Quando executamos um gesto simples como erguer um braço para pegar um pote de café no armário, podemos fazê-lo mantendo nossos ombros relaxados.
Ou não! Podemos subir braço, ombro, tensionar o pescoço, trapézio, como se fosem um grande bloco.

Se optamos por modificar essa ação, ou seja, queremos que levantar o braço seja algo realizado com menor gasto de energia, menos tensão, mais relaxamento, mais lubrificação de articulações, é preciso que, em determinado momento, esse gesto seja estudado.

Um ótimo cenário para estudar esse gesto é a aula de Pilates. O professor será uma peça fundamental, um guia nessa viagem, nessa investigação pessoal.
Ele escolherá os exercícios adequados, os toques que facilitem a compreensão e descoberta dos movimentos articulares, dará as dicas verbais e imagens que facilitem a tomada de consciência desse movimento permitindo a organização do novo programa.

Pouco a pouco um novo padrão será encontrado e poderá tomar o lugar do gesto que era executado até então.

Quando um gesto sugerido neste momento de investigação é feito de maneira rápida, ele tende fortemente a cair num movimento mecânico, como uma bolinha que sempre faz o mesmo caminho e já cavou no chão um percurso.

Um novo programa está sendo instalado.
A mente envia sinais elétricos através dos nervos solicitando novos caminhos de contração, relaxamento, posicionamento de articulações.
Todo cuidado é necessário.

Traçar uma nova trilha ali, próxima daquela, exige concentração, cautela e, principalmente, calma, para que a bolinha não caia no conhecido.
Isso é controlar a situação, respirando, instalando pouco a pouco o novo programa.

Quando repetimos algumas vezes, em situações diversas, aqueles novos gestos, compreendemos e finalmente automatizamos, podemos considerar que o download foi feito com sucesso.
Daí quando formos pegar nosso pote de café, o gesto será outro, mas não precisaremos pensar mais nele, pois já estará sendo feito de maneira mais eficiente e relaxada.

É isso aí, meditem e me contem. Beijo, Silvia.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Estratégias para estimular a coluna neutra em decúbito dorsal



Olá pessoal!

Uma das grandes dificuldades de grande parte dos instrutores e alunos e compreender a coluna neutra.

Durante anos fomos ensinados a “encaixar o quadril” em situações as mais diversas dentro da atividade física: agachamentos, aquecimentos, realizando trabalho de braços em pé...

O fato é que já está provado cientificamente que a melhor posição para a coluna receber impacto é a famosa coluna neutra: ou seja, a posição natural da coluna com suas curvas preservadas.

Para estimular nos alunos a compreensão prática deste posicionamento algumas estratégias são possíveis:

1. Deitados em dec. Dorsal relaxados e com pernas estendidas, colocar a atenção nos pontos de apoio da coluna no chão: crânio, ápice da cifose torácica, sacro.

2. Balançar a bacia para os lados como se fosse um barco para dar-se conta desse apoio do sacro, uma região bem definida e central.

3. Flexionar as pernas colocando a sola dos pés no solo. Inspirar suavemente pelo nariz e, enquanto expira, aliviar (sem tirar) o peso dos pés no solo. O peso fica claramente sobre o ponto de apoio do sacro.

4. Segurar os dois joelhos com as mãos e tracionar o fêmur estimulando a sensação da flexão do quadril enquanto faz uma oposição mandando o sacro para o solo. Experimente depois fazer a mesma ação deixando o sacro sair do chão enquanto a lombar se apóia no solo, para que o aluno perceba a diferença entre flexão do quadril e flexão da coluna.

5. Durante os exercícios como footwork ou flexão e extensão com molas, peça ao aluno para colocar os dedos na região da flexão do quadril para sentir como eles afundam na fenda que se forma nessa região enquanto o fêmur cava dentro da bacia e o sacro pesa no chão.

6. No footwork podemos trabalhar mais com o relaxamento do psoas e ativação do assoalho pélvico associado à respiração por não exigirmos o alongamento da musculatura posterior

7. Nos exercícios com pernas elevadas que exigem mais do alongamento de ísquiotibiais temos que estimular mais a oposição da bacia que pesa para baixo enquanto a perna sobe para que o aluno compreenda o estímulo dado pelo alongamento do músculo.

8. No trabalho com a barra torre a mão do instrutor pode estimular essa compreensão estimulando a bacia para o chão e uma pequena tração do fêmur para dentro que cava e empurra a bacia para baixo.

Experimentem e me contem, beijo, Silvia.
Minha foto
Sampa, SP, Brazil
Mulher, mãe, professora de Ed. Física, instrutora de Pilates, uma apaixonada pelo movimento: o meu, o seu, o de todos nós, o de todas as coisas..