quarta-feira, 16 de junho de 2010

O Conceito de ambientes no trabalho de Pilates: estranho e familiar

Quando fazemos o curso de formação da Polestar,somos apresentados ao conceito de ambientes. Denominados ambiente familiar e ambiente estranho é uma proposta simples, que funciona muito bem e é de fácil compreensão.

A idéia é a seguinte: ambiente familiar é aquele no qual o gesto reproduzido no exercício se assemelha em muitas coisas ao gesto funcional. Por exemplo, o Standing Leg Pump na cadeira, é um exercício feito em pé, com um pé no solo em cadeia fechada, e a outra perna flexionada, com o pé pressionando o pedal, em cadeia pseudo.
Este gesto reproduz situações corriqueiras e extremamente funcionais do nosso cotidiano, como andar, subir escadas e degraus.

O ambiente estranho, por sua vez, é aquele que nos coloca numa situação inusitada, ou seja, realizamos um gesto numa situação “estranha”. Um exemplo clássico disso no estúdio de Pilates é o footwork na Reformer. Flexionar e estender os joelhos ou mesmo saltar (com a jump board) deitado é uma situação pouco usual.

Mas e daí? Como utilizar essas diferentes opções e por que?

Vamos imaginar que estamos diante de um aluno com um padrão de movimento pouco eficiente, com dificuldade para manter um bom alongamento axial em pé. Ele “desmonta” em cima de sua coluna, aumentando suas curvas fisiológicas, sem consciência de seu centro.

O instrutor quer propor para ele situações de alongamento axial, ativação do centro (abdome, assoalho, dorsais), para que o seu estar em pé torne-se mais eficiente.
“Já sei!”, pensa o instrutor, “vou colocá-lo para fazer o Standing Leg Pump”, assim ele treina justamente ficar em pé com uma organização melhor.
Está correto? Sim, é uma forma de pensar.

Vamos pensar agora por outro caminho, através do conceito de ambientes: quando colocamos um aluno para reproduzir um gesto cotidiano, diretamente na situação em que ele mais se desorganiza, estamos propondo para ele um grande desafio.
Muito maior do que seria se estivesse num ambiente estranho.
Aquela situação é conhecida e é nela aonde a falta de estrutura está mais instalada, onde os caminhos neurais estão mais viciados.Reveja a postagem http://pilatespaco.blogspot.com/2009/07/praticar-pilates-fazer-o-download-de.html

Vamos dizer que eu opte por despertar seu centro, ativar sua musculatura dorsal, em um ambiente estranho, ou seja: fazê-lo trabalhar tudo que for necessário para o momento do estar em pé, mas em outra posição, por exemplo, em decúbito lateral.
Podemos fazer Leg Spring Series, para desafiar sua estabilização de centro e mobilizar sua articulação coxo femoral, podemos propor Kneeling Arms Series na Reformer, para desafiar sua estabilização com descarga de peso nos joelhos, Pulling Straps na Long Box para despertar e ativar sua musculatura dorsal e mil outras coisas.

A idéia é que, quando estamos em uma postura diferente, novos caminhos nervosos são ativados. Equilibrar o corpo em um decúbito lateral é um gesto pouco usual, novo. Ativar a musculatura dorsal alinhando a coluna neutra em decúbito ventral, é inédito! E nos dois sentidos: aferentes e eferentes. Não é habitual, geralmente, realizar atividades equilibrado no trocânter e nas escápulas, ou pensar no apoio do púbis e esterno no solo.
Optar pelo ambiente estranho é gerar novos caminhos de conscientização corporal e, consequentemente, facilitar a reorganização.

Precisamos lançar mão de novas estratégias musculares para manter nosso esqueleto nessas situações “estranhas”, tanto parado, quanto em movimento.
É mais fácil recrutar músculos importantes, inicialmente, em um ambiente estranho, do que numa situação usual.

Aí, depois que a musculatura estiver mais organizada, já com alguma eficiência, vamos colocar o aluno na situação do gesto funcional, já com uma estrutura mais preparada para encarar o cotidiano. Mesmo que seja o cotidiano reproduzido num gesto funcional!

É isso aí! O que vocês acham?
Beijo, Silvia.

terça-feira, 15 de junho de 2010

TRAVA LÍNGUAS


Oi pessoal!

No final de semana passado tive a oportunidade de fazer o curso de Transição como ouvinte com a professora Waneska, uma das educadoras da Physio Pilates.
Formada em Dança, Waneska é uma educadora extremamente competente, não apenas pelo domínio do conteúdo, mas pela forma que faz o grupo (no qual me incluo), pensar o movimento, compreender o exercício em profundidade, de que forma ele pode progredir e regredir, como ele pode ser contextualizado nos diversos programas.
Acrescente-se a isso um senso de humor maravilhoso, que faz com que o denso conteúdo do curso, seja costurado por risadas e momentos leves sem, em nenhum momento, perder o foco e a seriedade do que se está trabalhando.

Foi nessa maratona que acabamos desenvolvendo uma série de trava línguas, utilizando os exercícios do repertório Polestar (com a nomenclatura oficial criada por Joseph Pilates).
Dei uma floreada e aí está para degustação dos Pilateiros de plantao:

Pilateiro estudioso,
Scooter bem, preste atenção:
Repita 3 vezes,
sem mostrar indecisão!

Corckscrew, Scarecrow
Corckscrew, Scarecrow
Corckscrew, Scarecrow

Spine strech, Supine strech
Spine strech, Supine strech
Spine strech, Supine strech

Sobe cresce, desce cresce
Sobe cresce, desce cresce
Sobe cresce, desce cresce

Tem Bridging no Breathing
Tem Bridging no Breathing
Tem Bridging no Breathing


Spine strech no spine corrector
Spine strech no spine corrector
Spine strech no spine corrector



Feet in straps e spring leg series
Feet in straps e spring leg series
Feet in straps e spring leg series

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Reposições: um assunto polêmico nos estúdios de Pilates.

Olá pessoal!

Ainda compartilhando minha experiência sobre organização de estúdios, resolvi levantar um ponto bastante conflituoso: as reposições.
Não conheço nenhum coordenador de estúdio que não tenha passado por maus bocados por causa disso: oferecer ou não reposição, repor ou não feriados, prorrogar ou não o plano por ausência médica, manter ou não a vaga quando há congelamento do plano.

Lembro-me de, nos idos de 2002, a pedido da minha então chefa na Bahia, ter escrito uma cartinha aos alunos, colada no espelho dos vestiários. O estúdio contava na época com três salas, sendo uma para doze alunos simultâneos com dois professores e mais duas, com um professor em cada, para atender seis alunos. Aulas nas três salas o dia inteiro!

Vocês podem imaginar o número de reposições que eram solicitadas...

Tenho uma amiga que é novata de estúdio e que fica chateadíssima quando os alunos faltam sem avisar: acha que é uma tremenda falta de respeito. Ela vai negociando as reposições uma a uma, conforme um critério pessoal de julgamento: é válido, já que ela atende sozinha e, no máximo, duas pessoas por horário.

Eu mesma já criei diversos tipos de regras, coo por exemplo:

• Não fazemos reposições,
• Reposições só para quem avisar com vinte e quatro horas de antecedência
• Reposição apenas para quem avisar até a hora da aula
• Reposição só em caso de saúde com exame médico
• Reposição de feriado apenas para quem faz uma vez por semana (para que a pessoa não passe quinze dias sem aula)
• Reposição perdida é aula perdida

Atualmente temos algumas regras, mas são bastante flexíveis.
Os estúdios já têm algum tempo e um número razoável de alunos, entretanto estamos em São Paulo, onde, a cada dia, vejo inaugurar um novo estúdio de Pilates.
Não me sinto mal por isso: concorrência é saudável, afinal, aonde você vai quando quer comprar material eletrônico?
Na rua Santa Ifigênia, que tem uma loja colada na outra, dos dois lados da rua, além dos andares superiores.
Além disso, estúdios de Pilates comportam, em geral, um número pequeno de alunos, se comparado a uma academia por exemplo.

A rigor, a reposição não deixa de ser uma gentileza, afinal tudo estava lá: professores, equipamentos, vestiários, música... O único fator que frustrou a aula foi a ausência do aluno.
Desta forma, a única regra que mantenho desde que abri meu primeiro estúdio em 2003, e até hoje tento preservar, é não prorrogar a data de vencimento do plano.
Eu posso oferecer uma, duas ou até todas as reposições para ele, desde que sejam feitas dentro do plano vigente.

Olhando por outro ângulo, como professora que se preocupa com os alunos, temos um procedimento de, quando o aluno falta duas vezes seguidas, sem dar notícias, seu professor ( e não a recepção), entra em contato com ele para saber se está tudo ok.

Em relação a outras regras, hoje eu acredito que o ideal seja formulá-las de acordo com o momento do estúdio.
Se estivermos falando de um estúdio com muitos alunos, horários lotados, fila de espera, as regras podem, e até diria devem, ser rígidas, até porque não existe disponibilidade de vagas para que elas aconteçam.

Se, por outro lado, estivermos falando de um estúdio que está começando, com poucos alunos, espaço e tempo de sobra, as regras podem ser bem mais flexíveis, até porque o objetivo maior é casa cheia.

O local e a concorrência também são aspectos a serem considerados. Se há vários estúdios próximos com regras muito rígidas de reposição, ser flexível pode ser um bom diferencial para captar alunos.

Resumindo: regras ideais são aquelas que se adaptem ao seu estúdio, hoje, mas que possam ser remodeladas amanhã.

Lembrar que quanto mais articulados formos, menor atrito entre as juntas e os juntos!

E vocês, como lidam com as reposições?

Beijo, Silvia.
Minha foto
Sampa, SP, Brazil
Mulher, mãe, professora de Ed. Física, instrutora de Pilates, uma apaixonada pelo movimento: o meu, o seu, o de todos nós, o de todas as coisas..